Pátria amada Brasil: o bem maior do agronegócio

Ao final de 2023 tive a grata satisfação de, como fiscal agropecuário, dar meu parecer sobre a conveniência e oportunidade de implantação do prêmio Alysson Paulinei, por parte do Senado brasileiro. Fora um de meus últimos atos relevantes, em 37 anos de profissão agronômica; primeiro no Distrito Federal, depois, mais que como fiscal-auditor laboratorial do MAPA, como agente público de fomento agropecuário federal. A satisfação foi dupla, por dar reconhecimento às mais notórias contribuições nosso colega de profissão para como o agronegócio nacional, e pela oportunidade de resumir, em menos de duas laudas, a história do desenvolvimento tecnológico no Brasil e no Mundo, de Libzig, pai da lei dos rendimentos crescentes, via fertilizantes químico-minerais, no final do séc. IXX, a Norman Borlaug e Joanna Dobenheinner no século XX. Borlaug foi o padrinho prático da nova revolução, com suas variedades genéticas de altíssimo desempenho — salvando milhões do espectro da fome — , e Dobenhaner a madrinha virtuosa do uso de microorganiosmos favoráveis á extração natural de nitrogenados pelas plantas de maior interesse a nível mundial. Como na metáfora de agonisio e dioniso, foram como que duas forças de impulsionamento ativo (insumo processado) e passivo (insumo orgânico) sobre o bem maior Terra, que devem se complementar para alimentar 8, 12 ou 16 bilhões de pessoas que sejam. Paulyneli percebeu o potencial disso ainda nos idos de 1973, apostando num ativo patrimonial chamado de Cerrados!

Entrementes, não se amadurece uma Pátria Amada senão pela desenvoltura livre e espontânea dos agentes da cadeia produtiva, na estruturação mesma dos seus arranjos agrícolas, institucionais e sobretudo no empreendedorismo das famílias brasileiras. O mineiro de Bambuí bem sabia disso e direcionou investimentos públicos e privados na melhoria do grande Ativo Humano, da capacitação técnica às oportunidades da livre competição do agronegócio nacional e internacional. Além do boom da soja, sabemos do clima de competição e cooperação com os detentores das melhores tecnologias, os EUA, no estudo de caso das cadeias da Laranja e da Manga, só para não deixarmos de fora o potencial da fruticultura.

Qual foi o segredo dos EUA? O livre empreendedorismo, não só dos agricultores, mas das empresas e universidades promotoras e geradoras de tecnnologia, certamente, mas também o espírito de amor a sua pátria. De uma pátria bemquista no mundo inteiro, tanto que o destino predileto de qualquer emigrante bem disposto. Lá tiveram regras claras de negócios, regras seguras de uso da propriedade privada, e sobretudo um Estado de Direito constante e irrevogável (fora das “quatro linhas”), com equilibrada distribuição dos poderes estatais, pelo menos até os infelizes eventos de 11 de setembro de 2001.

Qual a lição do Brasil? na soja, inicialmente, a de famílias bem calcadas no epírito de coragem, luta e cooperação virtuosa, de decendentes diretos de imigrantes europeus vindos da Região Sul, rumo às áridas condições do interior do Centro-Oeste. Na época, aos olhos das cortes internacionais, o Brasil ainda não era bemvisto por circusntância de um Governo não democrático, mas internamente foram dadas todas as condições de abertura paulatina, com um estado de direito imperfeito, mas funcional. Cometeu-se erros típicos de intervencionismo, como no malfadado programa de crédito agrícola PROAGRO, com grandes calotes sobre o erário público, é verdade. Mas havia a sensação geral de segurança, e pequenos proprietários se tornaram robustos, altamente produtivos e eficientes, e conquistaram mercado com o suor de seus rostos.

Hoje temos como que uma fração residual disso. Com as inconsequentes “saidinhas” de natal e até de… carnaval, criminosos se vingam de policiais de rua a céu aberto. Muitos vão direto naqueles mesmos que o prenderam no exercício de sua nobre profissão!

A duras penas, os produtores conseguiram o simples direito de se defender a campo aberto, com armas próprias, em áreas distantes 200, 400 ou a 800 km de uma delegacia urbana. A invasão de propriedades, por vezes foi até fomentada pelos governos “progressistas”. A área de terras desapropriadas para reforma agrária, incluindo terras “indídenas” e “quilombolas”, já supera a de terrras produtivas, mas não produz um quinto delas.

Mas as coisas vêm piorando a olhos vistos, superando limites do mínimo senso comum de liberdade e justiça pessoal, numa narrativa “progresista” de bem comum como igual a “bem coletivo”, sob a tutela de uma Estado sem regras nem peias. O respeitado jurista Ives Gandha, no alto de seus 90 e poucos anos já nos emitiu o alerta vermelho. Um juiz que se diz vitima mas é incapaz de delegar outro, para poder julgar em causa própria, e pior, sem o devido processo legal; não tem as minimas condições de impor gregras extraconstitucionais para prender, fechar contas bancárias, tomar passaportes e calar jornalistas e cidadãos honestos.

A Embrapa de Paulinelle continua firme e produzindo muitos frutos, como excelentes variedades de morango e o trigo tropical, só para citar duas, de inumeras mais, mas a incontância de metas e programas de longo prazo é uma grande cilada para melhoristas, por exemplo, que precisam de 5, 10, 20 anos para conclusão de seus experimentos. Outrossim, pesquisadores e desenvolvedores podem e devem saber emitir seus juízos de valor.

A ciência não é uma conhecimento neutro, alienado de contextos sociais e até religisosos. A crença no poder de progressão infinita de arranjos coletivos é uma crença metafísica, um dogma de “fé” de ateus, agnósticos e até teístas. Mas a crença no respeito a tudo que vem dando certo nos últimos 100, 500 ou 2.000 anos deve estar muito acima disso, via tradições.

Numa rápida busca no chatGPT (v 4.0!) temos a seguinte explicação para a palavra “tradição”: A palavra origina-se do latim traditio, que vem do verbo tradere, significando “entregar”, “passar adiante” ou “transmitir”. Essa raiz etimológica reflete a essência da própria noção de tradição, que é a transmissão de costumes, crenças, práticas, bemo como do estoque dos melhores conhecimentos a serem repassados de geração em geração.

Dessa perspectiva, não há como falar de Pátria sem a herança da tradição de seu povo. Não é nada razoável supor um progresso pautado em arranjso do Judiciário com o Executivo que revoga leis e normas para ordenar um futuro “legisforme” (Alasdair MacItyre, Depois da Virtude, 285 p.) orquestrado por tecnocratas de gabinete.

Retomemos urgente o velho e bom sentido de Pátria Amada. O amor exige sacrifícios e com a prudência arsitotélico-tomista ou macintyriana que seja o agronegócio há de continuar sua sina de “braços fortes”: alimentar 1/4, 1/3 ou, porque não, 1/2 do Ativo Humano planetário.

A Terra está a serviço do homem, esse é o mandamento divino perfeito para um povo “conquistador, bravo e retumbante”!