Sendo o nome de Deus imposto para significar a natureza divina, como já dissemos, e não
sendo esta multiplicável, como ficou demonstrado, resulta, que o nome de Deus é, certo, realmente
incomunicável, mas pode ser comunicável conforme a opinião de alguém; assim, como o nome sol é
comunicável, na opinião dos que admitem vários sois. E, neste sentido, diz a Escritura (Gl 4, 8): Servíeis
aos que por natureza não são deuses; o que comenta a Glosa: Não são deuses por natureza, mas na
opinião dos homens. Contudo, se o nome de Deus não é comunicável na sua significação total, o é por
algo que nele existe, por uma certa semelhança; e, neste sentido, chamamos deuses aos que
participam, por semelhança, algo de divino, conforme aquilo da Escritura (Sl 81, 6): Eu disse: sois
deuses. Se, porém, existisse algum nome imposto para significar Deus, não em sua natureza, mas como
sujeito, enquanto que ele é tal ser, esse nome seria, de qualquer modo, incomunicável, como se dá,
talvez, com o tetragrama entre os Hebreus; e o mesmo se daria se alguém impusesse ao sol um nome
que designasse precisamente esse indivíduo.
(Suma Teológica, Ia, Ia, Q 13, Art. 9 — Se o nome de Deus é comunicável.)