As artes de conhecimento:
Trivium: artes da Linguagem
Quadrivium: artes da Matemática
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Podecast Devenir. Toda semana, conteúdos sobre a pedagogia das pedagogias. recusrso menemotécnico fundamental: GDR – Gramática, Dialética e Retórica, expandível para: PGAFT – Piedade, Ginástica, Artes Liberais, Filosofia e Teologia.
primeiro episódio: https://youtu.be/NRUC__u3bGA?si=ubWdtdJZgxQ-J4cP
- Trivium21
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Bibliografia básica:
“O Trivium: As artes liberais da lógica, da gramática e da retórica”, Irmã Miriam Joseph. É Realizações Editora, 2018. 295 p.
“Ensinando o Trivium” – Vol. 1 e 2, 2017, Edição Português, Harvey e Laurie Bluedorn. Ed. Monergismo. 2017. 320 p.
Três etapas da inteligência prática
Fórmulas do trivium – Gramática, Dialética e Retórica:
- seis combinações possíveis – GDR, GRD, DGR, DRG, RGD e RDG
- três métodos consagrados: indução, dedução e equiparação (analogia)
- teoria e prática (ou) universal e particular
- abstrato e concreto
- duas visões relevantes: crer para entender e entender para crer
- doze camadas da Personalidade
Se, para o aprendiz iniciante é preciso antes aprender para melhor crer, observando os resultados práticos pelas melhores fontes (indução em G) e para o mestre amadurecido crer para melhor entender (DR ou RD), deduzindo as fontes teóricas (dedução em G) para observar as melhores práticas; a inteligência prática resultante de uma verdadeira Arte exige algo mais que confrontação entre teses racionais e vontade de ação. Aí, como veremos na “etapa-patamar” 3, todo um bom juízo prudencial vai exigir mais que uma coleção de conhecimentos, e sim todo um mapeamento de postulados, princípios e definições em que as razões necessárias das ciências especializadas e particulares são ponderadas, por analogia, com os mundos possíveis, gerais e universais, desde a cosmogênese [algo mais que a cosmologia de Galileu!] até a experiência mística e mito-poética, passando por graus crescentes — verticais e ascensionais — de inteligibilidade.
Na arte clássica do Trivium, o aprendiz obviamente se depara com a limitação dada pelo seu patamar próprio de inteligibilidade (digamos, as Camadas 4 a 6 da Personalidade, do Olavo, vide anexo). Então inicia por um G mais elementar e, por não estar preparado para disputas dialéticas, vai seguir apenas a lógica mais elementar — nem por isso menos humana e até lúdica —, para treinar sua arte de convencimento, de si mesmo, primeiro, e depois aos outros. Certamente temos então, etapa 1: GDR.
Ora, o estudo é uma obrigação permanente, mesmo dos que buscam mais crer para depois entender, o ideal do verdadeiro mestre espiritual. O estudioso, agora aspirante a mestre de ensino, incluindo-se os pais para com seus filhos (a Camada 7 da Personalidade), deve dar um passo importante para a compreensão maior das coisas, mas precisa estar ciente que nem a indução nem a dedução são suficientes, por exemplo, para entender os princípios teológicos e cosmológicos envolvidos na Ciência Maior da arte. Portanto, excetuando-se a enunciação de dogmas e princípios cristãos, deve se contentar em ordenar as disciplinas para que apenas as teses melhor demonstráveis levem ao conhecimento liberal, dado como crença verdadeira justificada em homens livres, virtuosos e conscientes, campo que parte de uma lógica ou dialética mais científica para a etapa final da inteligibilidade de G, agora dada como a Literatura nos seus mais amplos e profundos conhecimentos. Então temos a etapa 2: DRG.
Agora temos um dilema, um problema digno de enfrentamento para quem esteja pelo menos na Camada 8 da Personalidade. Em nossa Modernidade, o crer para entender perdeu espaço para a completa incompreensão dos próprios métodos científicos. Justificar crenças verdadeiras virou sinônimo de provas demonstrativas por metodologias empiriométricas ou elucubrações de fábulas gnósticas. Se dedução e indução sempre geraram desentendimentos de linguagem, os homens perderam de vez a capacidade de lhe dar com simples equiparações entre possibilidades e razões necessárias. A riqueza da Linguagem não está em explicitar provas, deixemo-las para os peritos de medicina legal ante notícias de crimes, e sim, no bom uso de metáforas; e a metafísica possível da Trindade e da Encarnação, por exemplo, exige um grau de inteligibilidade tal que transcende verticalmente a imanência operativa das lógicas de primeira ordem, como do tipo
x é y, em A, se e somente se, dado A, x é y
(razão necessária, mas tautológica enquanto fechado em A).
Parte do dilema foi analisado por Tomas de Aquino e um pouco depois, com mais profundidade, por Raimundo Lúllio. Para Lúllio, nenhum juízo prático escapa à precedência possível da Metafísica, e mesmo atos aparentemente certos costumam, com o tempo, levarem a resultados desastrosos por equívocos do que é dizer “dado A”. E se A for algo como o contexto geral e universal da Criação ou Evolução, e, Eternidade ou Movimento (retilíneo, uniforme e inercial, ou não), Unidade ou Trindade, Encarnação ou Desencarnação, Razão ou Fé? Parte da solução lulliana, ao menos enquanto Metafísica, é necessariamente Teológica, e para dirimir equívocos entre esta e a Ciência e a Filosofia, a Arte da analogia (de proporcionalidade) é intrínseca ao contexto de aplicação sintática e semântica das artes práticas. Foi para melhor combinar razões e crenças que criou métodos de interpretação per equiparatio (= equiparação ou “suposições” de A, B, etc.). Nessa perspectiva, o mundo dos signos ganha força de expressão simbólica e propedêutica, enriquecendo a Linguagem na busca do bem e da verdade. Curioso que, por cima disso tudo, este Doutor Iluminado notabilizou-se, no séc. XIV, como mestre das narrativas, produzindo os primeiros romances sapientais da Europa ocidental.
Doravante, nesse campo árido, mas rico e belo, Retórica e Dialética passam a se desentender enquanto meios de significação lógica, epistemológica e ontológica, constituindo-se instrumentos limitados de hermenêutica e comunicação pedagógica. Para que tenhamos uma direção de encaminhamento, digamos de juízo prático de inteligibilidade humana, optemos por uma etapa mais segura e serena, em que a Tradição e a Alta Cultura, clássica, G (Literatura), seja a meta final provisória de uma etapa educacional que nunca se conclui, porque de um crescente ascendente — verticalizada! — que se aproxime sempre em Patamares maiores, como que numa curva assíntota, incansável, desafiante e luminosa. Fiquemos assim, etapa 3 (inverso de 1): RDG.
Resumindo:
G – D – R
Ênfase na GRAMÁTICA
Via indutiva
Memorização, fatos, habilidades básicas com sons, sonoridades, vocabulário, ativismo, descobertas, e movimentos de causa e efeito entre concreto & abstrato
Foco no O QUE? & QUANDO?
Desenvolvimento da força de conhecimentos acumulados e dos fundamentos
D – R – G
Ênfase na
LÓGICA
Via dedutiva
Debates acalorados, discussões, argumentos dialéticos e significativo-causais:
abstrato vs concreto
Foco no POR QUE?
Desenvolvimento de pensamento crítico e
conhecimentos disciplinares
R – D – G
Ênfase na
RETÓRICA
Via analógica
Debates continuados, discussões e argumentos
Estudos independentes, resolução de problemas, expressão de coerência simbólica & imaginativa,
Pensamentos originais e criativos
Foco no COMO ASSIM?
Qual o propósito? Qual finalidade disso?
Desenvolvimento do autoconhecimento e espírito criativo
Em tempo: para os mais curiosos na filosofia da linguagem, em D, nunca abandonem o crer para conhecer, e, a título de treino da Arte, como arte das artes, leiam a Ars Brevis do Doutor Iluminado, em suas combinações de Figuras, Letras e tabelas de sentenças, disponível em https://www.ricardocosta.com/sites/default/files/pdfs/artebreve.pdf. E para todos, como exemplo em G, o seu Felix e o livro das maravilhas, disponível no Amazon e nas melhores livrarias. E para não ficarmos sem algo de R, qualquer texto de Cícero ou Sêneca…
Como as três etapas se combinam com as 12 Camadas?
Qual o papel da Poesia, da Justiça, da filosofia e da Teologia no Trivium?
Como os Quatro Discursos de Olavo de Carvalho, em perspectiva aristotélica, podem ajudar a entender a pintura do Vaticano (de Stanza Della)?
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Em breve: e-book gratuito, na Devenir Editora.