Murilo Veras

Murilo Veras

Eng. Agro., MSc, Filosofia (esp)

Diário de Paula Felix no FB (aborto)

Paula Felix

post de 23.06.2022

Este caso da menina de 11 anos grávida do meio-irmão de 13 nos evindencia que a militância abortista está tentando borrar a linha que separa a gravidez precoce do estupro. É apenas mais uma estratégia para a liberação do aborto sob demanda, muito bem desenhada, como toda estratégia demoníaca.

Praticamente todas as sociedades desenvolveram tabus contra o sexo infantil (naqueles que foram francamente pedófilas, como a do império romano, o objeto principal da prática eram meninos), dos índios neolíticos do alto Xingu aos judeus do Velho Testamento. Por moralismo? Não, por observarem que a gravidez muito precoce acarreta altas taxas de morbi-mortalidade para mãe e bebê.

Era então a menarca que marcava a possibilidade do ingresso da menina na vida sexual, como argumenta uma amiga aqui do Face, para a qual menstruou pode parir, já que a natureza não é louca? A menarca, culturalmente, é UM dos fatores relacionados a este ingresso, ao lado do desenvolvimento dos demais caracteres sexuais secundários, como seios e quadris largos, mas em geral este ingresso na vida sexual é estabelecido cronologicamente. Isto porque a menarca pode se dar tão cedo quanto com 6 ou 7 anos, em casos raríssimos, até em bebês. Admitir simplesmente que se há menstruação o corpo já está preparado para o sexo e a gravidez é pura pedofilia. Se estivesse, as taxas de mortalidade maternas não seriam mais altas quanto maior a precocidade da gravidez.

Sim, a gravidez na infância é um problema grave, mas é um problema que a militância abortiva finge combater com uma mão enquanto fomenta com a outra. Nas últimas décadas os conservadores foram acusados de moralismo por não quererem que seus filhos aprendessem sobre reprodução e sexo nas escolas. Todos os programas de “educação sexual” e “parentalidade planejada” ficaram, portanto, nas mãos da esquerda revolucionária e abortista, que os foi empurrando, a princípio no ensino médio, depois a faixas cada vez mais infantis. Na prática, a forma como estes assuntos são abordados é pseudocientífica, vexatória, constrangedora e, sim, dada a natureza da curiosidade infantil, agente de sexualização precoce.

Neste sentido, nossas crianças vêm sendo expostas à sexualização ainda antes de aprenderem a ler, pela TV, pela música, pela moda, pelas escolas, por todos os lados. Não é surpresa, portanto, que cada vez mais vejamos crianças pequenas com comportamento sexualizado em paradas cuja temática é sexual, em bailes, em todo canto. Promover a sexualização precoce é promover a gravidez precoce. E a gravidez precoce, como vimos, é um problema.

Minha bisavó Isabel, a famigerada Biluca, casou-se aos 12 anos e aos 13 embalava seu primeiro bebê. Mesmo para a época, o início do século XX no interior do MA, não era algo comum. Mas d. Biluca, bem ou mal, estava protegida pelo contrato então indissolúvel do casamento e seu marido, meu bisavô, havia assumido a responsabilidade de sustentar, cuidar, manter e proteger a ela, aos filhos e à casa. Com sorte, nenhuma das dez gravidezes teve problema e nenhum dos filhos morreu.

Isso significa que no contexto do casamento o sexo e a gravidez infantis são toleráveis? Na minha opinião basta ver as taxas de mortalidade das noivas-crianças em alguns países muçulmanos e hindus que admitem a prática pra entender que não. Por outro lado, o sexo e a gravidez infantis fora do casamento costumam ser ainda mais perigosos, pois em geral se dão num contexto traumático de irresponsabilidade, abuso, estupro e abandono. E é para este sexo, precoce e irresponsável, que o liberalismo esquerdista e sua “educação sexual” têm preparado nossas crianças.

Daí porque, quando começam a pipocar os casos de crianças grávidas, é preciso chamar de estupro a relação que deu causa à gravidez. Porque uma das formas de se livrar desta consequência incômoda da sexualização precoce que a esquerda promove abertamente é dizer que estas gravidezes não são fruto desta política! Olha, nós vamos falar de sexo com seu filho e sua filha pequenos, vamos explicar a mecânica, dizer o que colocar aonde, dizer que é bom, mostrar que os adultos adoram fazer, que as mulheres empoderadas são as que mais fazem, vamos glamourizar o sexo nos filmes, nas novelas, vamos deixá-lo livre e explícito na Internet, esconderemos todas as suas consequências físicas, reprodutivas, psicológicas e sociais, mas é claaaaaaro que as crianças não vão se sentir atraídas para a prática!

Mas elas são. E sob a guarda de pais que já foram, eles mesmos, treinados dessa forma, não serão impedidas de fazer. Não tenho conta do número de pais que sorriem de seus filhos machos que já transaram aos 12 anos, ou de mães que aceitam que suas meninas transem com os namoradinhos, desde que o façam em casa, onde é seguro, né? Melhor que na rua! E isso porque eu não convivo com ninguém que frequente bailes funks.

Daí não é surpreendente que a sexualização precoce tenha uma correlação direta com a gravidez infantil. A forma mais “fácil” de lidar com isso, obviamente, é usar a presunção absoluta, juris et de jure, da idade de consentimento, 14 anos, no Brasil, para tornar todas estas gravidezes em frutos de estupro e abortá-las. Sem entrar no mérito do profundo estrago de sobrepor ao dano da gravidez precoce o dano físico e psicológico do aborto, é preciso notar que, sob este argumento, o que se está fazendo é promover a gravidez precoce, chamar a gravidez precoce de estupro e usar isso para forçar os limites do aborto “legal” no Brasil.

Se em todos os demais casos conhecidos esta estratégia de borrar os limites entre estupro e gravidez precoce foi um sucesso, neste agora surge um elemento que denuncia a malícia da estratégia porque a própria presunção absoluta da incapacidade de consentimento obriga à conclusão de que, neste caso em que o pai do bebê está na mesma faixa etária da mãe, abaixo dos 14 anos, não houve estupro. E não tendo havido estupro, não pode haver a excludente de ilicitude para o aborto.

Em outras palavras, a presunção da incapacidade de consentir num ato sexual antes dos 14 anos, que torna todo sexo antes desta idade, tecnicamente em estupro, foi usada, até aqui, não só para descartar os frutos indesejados da sexualização precoce mas para forçar os limites do aborto “legal”. Se é fácil enquadrar como estuprador o parceiro sexual de uma criança quando ele é maior de 14 anos, e principalmente quando é maior de 18, nos casos em que ambos os parceiros são menores de 14 anos não é possível chegar a esta conclusão e somos obrigados a encarar o fato horrendo: nossas crianças estão praticando sexo consensual. É preciso enxergar isso, é preciso lidar com isso com seriedade e urgência.

Se é imperativo que haja uma idade mínima de consentimento, para que nossas crianças não se tornem pasto para pedófilos, também é necessário que isto não seja usado para estender sobre toda gravidez precoce o “direito” ao aborto. Precisamos proteger nossas crianças. Todas elas.

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